quinta-feira, 27 de julho de 2017

Município de Estremoz adquiriu mais uma varredoura


Rebanho de ovelhas e cabras a pastar num passeio em Mendeiros.
Fotografia de Miguel Silva.    

Comunicado de Imprensa
No passado dia 11 de Julho, o Município de Estremoz emitiu um curto comunicado de imprensa, subordinado ao título supra e que reproduzo na íntegra.
“Para manter um concelho mais limpo, o Município de Estremoz adquiriu, recentemente, mais uma varredora mecânica.
Esta aquisição vai reforçar a limpeza não só da cidade, como de todo o concelho, continuando o Município de Estremoz a contar com a colaboração e consciencialização da população e visitantes, pois só assim será possível mantê-lo limpo e organizado.
“Um concelho limpo com a colaboração de todos”, é um direito seu e um dever da autarquia e da população!”
Naquela data, o comunicado de imprensa foi também editado no Facebook do Município.

Reacções no Facebook
As reacções no Facebook não se fizeram esperar e logo começaram a surgir comentários, os quais foram mesmo subindo de tom. Esses comentários têm todos um traço comum. Os seus autores consideram que a cidade nunca esteve tão suja como agora, com ervas a crescer por toda a parte, as sarjetas a precisarem de ser limpas e os contentores a cheirarem mal. Dizem que são situações incómodas para os moradores e que dão uma péssima imagem da cidade a quem nos visita.
Há quem considere inadequada a distribuição de contentores de lixo e de ecopontos, o que faz com que os moradores num caso depositem sacos de lixo ao lado dos contentores e noutros casos depositem nestes, o que devia ser vertido em ecopontos.
É convicção generalizada que a aquisição de mais uma varredoura mecânica não resolve o problema, pois há muitos locais onde a mesma não consegue aceder. Não limpa os passeios nem zonas comuns em urbanizações, nem descampados, nem espaços verdes. Só serve para limpar ruas alcatroadas ou calcetadas. Os comentadores crêem que seria preferível contratar pessoal (varredores e varredouras de carne e osso), que resolvessem o problema à maneira tradicional, o que além do mais permitiria criar alguns postos de trabalho, o que seria bastante positivo num concelho onde a oferta de emprego é escassa.
A aquisição da varredoura mecânica pelo Município é encarada ainda com desconfiança e vista como forma de promoção do actual executivo municipal, relativamente às eleições autárquicas de Outubro próximo. É que a visibilidade da varredoura mecânica é superior à dos varredores e varredoras e como anda todo o dia a passear é mais eficaz em termos de propaganda.
Fora do Facebook, as opiniões dos Zés e das Marias desta terra parece andar à volta do mesmo. As pessoas estão fartas de propaganda municipal a dizer que “Estremoz tem mais encanto” e querem é ver a cidade limpa como deve ser. Têm o direito de usufruir a cidade limpa, assim como o executivo municipal tem o dever de assegurar que assim seja. É não só caso para dizer: “Cada macaco no seu galho!”, como é legítimo concluir que ao marketing municipal lhe saiu o tiro pela culatra.


 Uma situação corrente nas Mártires.
Fotografia de Francisca de Matos
 Lixo depositado no chão, junto a um contentor em Mendeiros.
Fotografia de Filipe Araújo.
 A nova varredoura mecânica publicitada pela CME no passado dia 11 de Julho. 
Fotografia do Município de Estremoz.

O elogio das palavras - I


ESTUDO PARA O "VIRA" (1904). Alfredo Roque Gameiro (1864-1935). Aguarela sobre
papel (39 x 26,5 cm). Museu de Aguarela Roque Gameiro (Minde).

LER AINDA

As palavras são multifacetadas como as pedras preciosas. Podem ser encaradas sob vários ângulos. Podem significar uma coisa ou outra, ou mesmo quase coisa nenhuma.
As palavras têm o seu próprio visual. Há palavras elegantes e outras que não o são tanto. Há mesmo palavras deselegantes.
As palavras têm a sua própria sonoridade. Há palavras ruidosas, como as há graves ou melodiosas. Há palavras que fazem eco e outras que esbarram contra muros de silêncio.
As palavras têm cheiro. Há palavras que fedem a distância, tal como as há aromáticas, constituídas por agradáveis e subtis fragrâncias.
As palavras têm sabor. Há palavras doces, tal como as há azedas, amargas ou ácidas.
As palavras são tácteis. Há palavras macias e mesmo aveludadas, mas também há palavras ásperas, como as há peganhentas e mesmo viscosas.
Há palavras terrestres, como as há aéreas, subterrâneas e aquáticas.
As palavras são caminheiras que se deslocam entre as margens do papel.
As palavras são mariposas que cruzam os ares, entre bocas e ouvidos.
As palavras em movimento geram correntes, ondas e turbilhões.
As palavras geram movimentos de apoio e de solidariedade, mas também de repulsa.
As palavras permitem saltar obstáculos e mesmo mover montanhas.
As palavras têm a sua própria velocidade. Há palavras lentas, tal como as há velozes.
As palavras têm o seu tempo próprio, não devem ser ditas antes, nem depois dele.
As palavras têm uma aceleração própria. Há palavras cadenciadas, como as há acelerantes ou atrasadoras.
As palavras têm forma, umas são angulosas e outras são redondas, já que não tem ponta por onde se lhes pegue.
As palavras têm simetria ou não. Há palavras simétricas e palavras assimétricas.
As palavras têm cor. Umas são mais coloridas, outras mais cinzentas e mesmo negras. Há mesmo palavras para todas as cores do espectro do arco-íris.
As palavras têm tamanho. Umas são curtas como a polegada, outras são compridas como a légua da Póvoa.
As palavras têm volume. Umas são como senhoras anafadas, outras como modelos anorécticos.
As palavras têm peso. Umas são pesos leves e outras, pesos pesados, tal como no boxe.
As palavras não têm todas igual densidade. Há palavras maciças, como há palavras balofas e mesmo ocas. As mais compactas submergem no texto, enquanto que as de compactidade reduzida, flutuam à flor do texto.
As palavras têm força. Há palavras fortes e palavras fracas.
As palavras têm potência. Umas são potentes, outras nem tanto e outras são mesmo impotentes.
A eficácia das palavras é variável. Umas são eficazes, outras não.
As palavras não têm todas a mesma duração. Há palavras imortais, como as há duradouras e breves. Há mesmo palavras que já ultrapassaram o prazo de validade.
As palavras não têm todas a mesma temperatura. Há palavras escaldantes, mas também as há cálidas, mornas, frias e gélidas.
Jornal E nº 182 – 27-07-2017
Publicado inicialmente em 27 de Julho de 2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Poetas em defesa da olaria de Estremoz - 09


Mateus Maçaneiro (1937- )
Formador e poeta. Natural de Estremoz. 
LIVROS - Estremoz terra que eu amo (1999).
                                                      
Lembrando Mestre Mário Lagartinho
Quanta saudade
  
Perdemos um oleiro de Estremoz
Um mestre! O Mestre Mário Lagartinho.
Modelou prato, bilha e pucarinho
Em tudo quanto fez a alma pôs.

Da arte apaixonado e não algoz
Dava-lhe o seu amor e seu carinho,
Trabalhando o barro, tão de mansinho
Como se fora herdado dos avós.

O Mário fez da arte o seu caminho
Que orientou em paz, a que deu voz,
Sua arma era, de oliva um raminho.

Assim lutava... em luta nunca atroz
Em que o suor, cheirava a rosmaninho
E o seu intuito!... Era mostrar Estremoz.


quarta-feira, 19 de julho de 2017

Novo livro de Hernâni Matos


 FRANCO-ATIRADOR, TEXTOS DE CIDADANIA DUM ALENTEJANO DE ESTREMOZ 
 Capa de Armando Alves

FRANCO-ATIRADOR, TEXTOS DE CIDADANIA DE UM ALENTEJANO DE ESTREMOZ é o título do livro da autoria do escritor estremocense Hernâni Matos, a ser lançado pela Colibri, no próximo dia 2 de Setembro (sábado), pelas 16 horas, na Igreja dos Congregados, em Estremoz, no decurso das Festas à Exaltação da Santa Cruz.
O livro com 476 páginas, tem prefácio de Francisca de Matos, posfácio de Júlio Rebelo, capa de Armando Alves e é ilustrado com 132 imagens, maioritariamente de Estremoz do passado.
O autor, enquanto escritor, jornalista e blogger, utiliza a escrita como instrumento ao serviço do exercício do direito de cidadania. Os seus textos constituem reflexões sobre problemas individuais e sociais, visando potenciar uma tomada de consciência por parte daqueles com quem interactua, numa perspectiva de gerar dinâmicas de intervenção e transformação social que tenham como referência os direitos humanos. Tal prática levou-o a adoptar no jornalismo o epíteto de Franco-atirador, que esteve na origem do título da presente obra. Esta constitui uma compilação seleccionada de textos do período 1998-2017. São escritos que foram publicados na imprensa local e no blogue “Do Tempo da Outra Senhora”, bem como em catálogos de exposições, assim como textos utilizados na apresentação de livros e como comunicações em sessões de índole diversa, para as quais foi convidado. Cada texto está perfeitamente identificado não só em termos de temporalidade, como no que respeita a local de publicação ou divulgação. Por uma questão de metodologia foram sistematizados e ordenados em seis grandes capítulos que o autor designou sucessivamente por: Da Identidade, Das Palavras, Da Sociedade, Do Património, Da Cultura, Da Memória.
No lançamento do livro, a apresentação deste e do autor estarão a cargo de Fernando Mão de Ferro, Armando Alves, Francisca de Matos e Júlio Rebelo.

Hernâni Matos. Fotografia de Armando Alves

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Berardo e Companhia

Fotografia do Município de Estremoz

No passado dia 5 de Julho, o Município de Estremoz distribuiu um comunicado de imprensa, onde dá conta daquela que vai ser a futura utilização do Palácio Tocha, situado no Largo D. José I, 100, em Estremoz. Reproduzo de seguida e na íntegra, o documento então divulgado.
“Apresentação do Museu Berardo de Estremoz
Foi ontem, dia 4 de julho, apresentado o projeto museológico do Museu Berardo de Estremoz, junto ao edifício do Palácio dos Henriques (Palácio Tocha) nesta cidade e com a presença do promotor do investimento, Comendador Joe Berardo, o Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Luís Mourinha, a Diretora Regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira e o Presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva.
O Museu Berardo de Estremoz pretende ser um espaço museológico de referência em Portugal, onde o visitante poderá desfrutar do melhor da arte, através de um vasto e diversificado acervo que é constituído pelas várias coleções do universo mais vasto da Coleção Berardo, considerada uma das mais prestigiadas coleções privadas a nível internacional. Para além dos cerca de 1500 painéis que integram a coleção de Azulejos, com exemplares do século XV até à atualidade, o Museu Berardo de Estremoz irá contar com obras das coleções de Arte Deco e Arte Nova, Arte Africana, Arte Shona, figuras em Terracota, cerâmica Bordalo Pinheiro, Arte Latino Americana, Arte Moderna e Contemporânea, coleção Erich Kahn, posters e cartazes, coleção Ernesto de Sousa e Arte Indiana.
No museu será assim possível visitar múltiplas exposições que se desenvolverão com base numa programação anual, que contará com obras de autores dos mais diversos contextos culturais e artísticos, representantes das mais variadas expressões e movimentos concetuais que integraram a história da arte desde o século XV até à atualidade.
A instalação do Museu Berardo de Estremoz envolve a recuperação integral do edifício do Palácio dos Henriques, declarado Monumento de Interesse Público, contribuindo assim para a reabilitação do património cultural da cidade e para a diversificação da oferta cultural e turística do concelho.”
O reverso da medalha
O que o comunicado de imprensa não refere são os compromissos assumidos pelo Município de Estremoz no Protocolo de Cooperação, celebrado a 14 de Julho de 2016 com a Associação de Colecções, de cujo Conselho de Administração é Presidente, o empresário.
De acordo com esse protocolo, a CME obriga-se a: - Pagar todos os custos de manutenção do Museu (água, luz, aquecimento, ventilação, ar condicionado, telefone, internet, elevador, etc.); - Contratar e custear os vencimentos do pessoal afecto ao Museu [Director (1), Assessor do Director (1), Serviço Educativo (2), Assistentes de sala (2), Recepção e bengaleiro (2)]; - Pagar todas as despesas relativas a serviços que sejam realizados por empresas exteriores (vigilância, segurança, contabilidade, limpeza, manutenção de elevadores, manutenção geral do edifício, etc.); - Efectuar a gestão geral e cultural do Museu; - Conceptualizar, produzir e divulgar um plano de comunicação do Museu, que crie notoriedade e um posicionamento consistente, quer do produto museológico e expositivo, quer da zona de influência onde está enquadrado, explorando as suas potencialidades de Turismo Cultural; - Assegurar a colocação de sinalética direccional no concelho e, se possível, nos concelhos vizinhos; - Pagar a despesa total relativa à Produção das exposições (Embalagem e acondicionamento das obras de arte, transporte, seguros por período a determinar, desembalagem ou abertura de caixas, montagem da exposição, material museográfico, informativo e comunicativo, etc.); - Estabelecer relações com terceiros em nome do Museu; - Negociar com terceiros os serviços de dinamização do Museu (Organização de exposições temporárias, serviço educativo, seminários, colóquios, workshops, etc.); - Contratar e manter em seu nome e no da "Colecção Berardo" um seguro de responsabilidade civil que cubra, em cada momento, todos os riscos de perecimento, furto e roubo das obras de arte expostas no local; - Usar de toda a diligência para que a utilização, temporária ou permanente, do espaço envolvente do Palácio não perturbe, mas antes assegure, a dignidade do Museu.
Como única contrapartida financeira às despesas assumidas, pertencerão à CME todas as receitas de visitas ao Museu, cujo preço será por ela fixado.

Algumas efemérides
O Palácio Tocha foi vendido pela Família Sepúlveda da Fonseca à Imobiliária Magnólia da Madeira, Lda, no ano de 2000. Esta, por sua vez, vendeu-o em 2008, à Associação de Colecções.
Na sequência de proposta da Câmara Municipal de Estremoz, datada de 4 de Junho de 2000, o Palácio Tocha foi classificado como monumento de interesse público. Esse o teor da Portaria 40/2014 do Secretário de Estado da Cultura, publicada no Diário da Republica - 2.ª Série, Nº 14, de 21-01-2014.
Tendo sido classificado como de interesse público, de acordo com a Lei 107/2001, de 8 de Setembro, o edifício devia estar identificado através de sinalética própria (Art. 60.º, nº 2f), o que não acontece. Quem o devia ter feito e não fez?
O financiamento das obras
Nas condições do Protocolo de Cooperação ente a CME e a Associação de Colecções, o protocolo só seria válido e definitivo com a aprovação do projecto de candidatura ao abrigo dos apoios financeiros comunitários do Portugal 2020. O financiamento foi aprovado em 31 de Maio do ano em curso, conforme consta do sítio de ALENTEJO 2020 e está disponível em: http://www.alentejo.portugal2020.pt/index.php/projetos-aprovados/category/73-projetos-aprovados (acedido a 5-7-2017). Aí ficámos a saber as características do financiamento: - CÓDIGO DA OPERAÇÃO - ALT20‐08‐2114‐FEDER‐000050; - PROGRAMA OPERACIONAL - Programa Operacional Regional do Alentejo; - EIXO PRIORITÁRIO DO PROGRAMA OPERACIONAL – 8‐Ambiente e Sustentabilidade; - COFINANCIAMENTO – 85%; - NOME DO BENEFICIÁRIO – Associação de colecções; - NOME DA OPERAÇÃO - Museu Berardo Estremoz; - DESPESAS ELEGÍVEIS TOTAIS ATRIBUÍDAS À OPERAÇÃO - 3.475.871 €; - FUNDO - FEDER; - FUNDO TOTAL APROVADO - 2.606.904 €; - OBJECTIVO TEMÁTICO - 06‐Preservar e proteger o ambiente e promover a eficiência energética; - PRIORIDADE DE INVESTIMENTO – 03 ‐ A conservação, proteção, promoção e o desenvolvimento do património natural e cultural;
O comunicado de imprensa e a fotografia
Ficamos sem saber quando arrancam as obras, pois o comunicado de imprensa é omisso em relação a esse ponto. De qualquer modo, dá sempre jeito fazer a apresentação do Museu Berardo de Estremoz, já que as eleições estão à porta. Na fotografia estão todos muito bem, à excepção do edifício que há muito grita por socorro.
Na chapa não aparece nenhum vereador do PS, que embora não tivessem tido créditos fotográficos, se julgarão no direito de terem igualmente créditos eleitorais, já que em reunião camarária votaram favoravelmente a celebração do protocolo entre a CME e a Associação de Colecções.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Caixa Geral de Depósitos? Não obrigado!



O Professor
Sou cliente da CGD desde os 18 anos de idade, ou seja há 52 anos. Em 1972 ingressei como professor na Escola Secundária de Estremoz, passando o meu vencimento a ser pago pelo Ministério da Educação, através da Agência de Estremoz da Caixa Geral de Depósitos, o que aconteceu até me aposentar em 2008. Durante esse período, sempre fui tratado na Agência como Professor e nalguns casos como Senhor Professor. De resto, o título profissional consta da minha ficha de cliente da instituição bancária.
Após me aposentar em 2008 e até à presente data, passei a receber através daquela Agência, a pensão que me foi atribuída pela Caixa Geral de Aposentações. O tratamento que continuei a merecer foi a de Professor ou Senhor Professor, já que não havia razões para mudança.
A morada
Desde 1973 que a minha residência tem sido sempre a mesma, o que, de resto, consta da minha ficha de cliente.
Quando requisito cheques através do Multibanco, indico sempre que estes devem ser cruzados e enviados para a minha morada, que aparece então confirmada no monitor de Multibanco, o que comprova que a CGD sabe muito bem onde eu moro.
Uma ocorrência estranha
No passado dia 16 de Junho entrei em contacto via email com o meu gestor de conta, pessoa afável e de fino trato, que sempre tem mantido comigo o melhor relacionamento e em relação ao qual não tinha nem tenho a apontar nada de censurável. A minha solicitação foi a seguinte: Agradeço que me requisite 10 cheques cruzados para a minha conta ….. e para serem recebidos na minha morada. Obrigado. Os meus cumprimentos.
Foi com estranheza, que no passado dia 19 de Junho, recebi do meu gestor de conta a seguinte mensagem:

Bom dia Professor Hernani,
Para dar seguimento ao seu pedido, necessitamos de atualizar os seus dados nomeadamente:
CC
Comprovativo morada
Comprovativo profissão
Cumprimentos,

A minha resposta, via email, foi a seguinte:

Senhor….
A Caixa sabe onde eu moro, pois manda-me os cheques para cá. Também sabe que sou professor aposentado, por a Caixa Geral de Aposentações fazer a transferência para a minha conta.
Se são novas regras, devem estar a brincar comigo. Eu não me sujeito a isso...
Obrigado.
Os meus cumprimentos.

Naturalmente que continuo a ter do meu gestor de conta um elevado conceito. Já o mesmo não digo dos seus superiores hierárquicos, que estarão por trás daquela estranha exigência, da qual ele se viu forçado a ser porta-voz.
Fiquei deveras desagradado com o sucedido e entendo que no mínimo, um superior hierárquico do meu gestor de conta, me devia pedir desculpa do sucedido. Também seria desejável que se preocupassem mais com o crédito mal parado, concedido a “clientes de colarinho branco”.
Até serem prestadas as desculpas que me são devidas, se alguém trouxer à baila a minha instituição bancária de sempre, sou levado a proclamar:
- CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS? NÃO OBRIGADO! 
Post-Scriptum
Face à exigência que me foi veiculada através do meu gestor de conta, fui à Caixa de Multibanco da Agência e requisitei os cheques pretendidos. Como habitualmente, o monitor confirmou a minha morada e acabei por receber os cheques em casa. Parafraseando o saudoso Fernando Pessa, é caso para dizer:
- E ESTA HEIN?

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Palavras Guardadas



Um aspecto da sessão de apresentação do livro “PALAVRAS GUARDADAS” de
Contantina Babau, na Casa de Estremoz. Fotografia de seu neto, Nuno Ângelo.

No passado dia 10 de Junho, teve lugar na Casa de Estremoz, a partir das 10 horas, a apresentação do livro “PALAVRAS GUARDADAS” da poetisa estremocense Constantina Babau.
A sessão iniciou-se com a intervenção de Marisa Serrano que falou em representação do Município, seguindo-se José Carlos director da Editora Paulus e Fátima Lameiras em nome da família. Fez a apresentação da obra, o autor destas linhas.
Em 2009, a poetisa lançou o livro de poemas “ESTREMOZ E EU”, a que se seguiu em 2015 “ESTREMOZ, EU E A CANETA DE DEUS”, pelo que o livro agora dado à estampa não será, decerto, o seu último livro, já que a poetisa tem sempre palavras guardadas para nos revelar o que lhe vai na alma. E felizmente que essas palavras não se perdem, porque graças à “Divina Arte Negra”, ficam perpetuadas em suporte físico de papel.
No livro “PALAVRAS GUARDADAS”, a modalidade de poesia dominante é a décima, embora ao sabor da inspiração também surjam e por ordem decrescente de número: quadras, sextilhas e quintilhas.
Pessoa de fortes convicções religiosas, a sua poesia reflecte a sua profunda fé em Deus e em Jesus Cristo, bem como uma intensa devoção por Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Conceição e Rainha Santa Isabel. São traços indeléveis da sua poesia marcadamente intimista e de cariz religioso, que remontam aos livros que antecederam o actual. Para além disso, o livro poetiza ainda nove grandes temas: - REFLEXÃO SOBRE O ACTO POÉTICO - A poesia não se aprende, nasce com o poeta e é uma herança. Rima-se sem querer e fazer poesia é ler o livro do pensamento. Este, é liberto pela poesia, que assim desempenha uma função terapêutica; - AMOR À FAMÍLIA - Dá muito valor à família e ainda hoje sente a falta da mãe; - SENTIMENTOS - Dá importância à amizade, enaltece a felicidade e valoriza a alegria. Dá conselhos relativamente à tristeza e à inveja. Rejeita a solidão, é assaltada pela dúvida, diz viver na incerteza e sente intensamente a saudade, da qual a maior de todas é a saudade da mãe; - IDADES DA VIDA - Fala-nos sobretudo da sua infância e da velhice, com realce para esta última. Faz um balanço da vida e dá um conselho aos jovens: “Vão gozando a mocidade / Aproveitem bem a vida / Se estão na flor da idade / Essa flor vai ser perdida / E depois de ressequida / As folhas irão cair / Vão ter que se despedir / As forças vãolhe faltar /Agora podemse rir / Um dia vão cá chegar”; - AMOR A ESTREMOZ - Da cidade diz: “És a pérola mais brilhante / Do Alentejo és a rosa / As pedras são diamantes / Estremoz terra mimosa”. Em particular, dedica poemas ao Castelo, à Igreja de Santa Maria, à Capela da Rainha Santa, ao Centro Histórico, ao Cortejo do Trabalho de 1963, aos Bonecos de Estremoz, à Feira Medieval, ao Gadanha, à União de Freguesias, à Rádio Despertar, ao Aniversário dos Bombeiros e ao Intermarché; - AMOR AO ALENTEJO - É uma constante na sua poesia; - ADMIRAÇÃO POR PERSONALIDADES E GRUPOS - Umas de âmbito nacional como Ronaldo, Manuel Luís Goucha, Nicolau Breyner e a Selecção Nacional. A nível local, o Prior, a Rádio Despertar, os Bombeiros Voluntários e Joaquim Vermelho; - FESTAS CÍCLICAS - Fala do Carnaval da sua Infância e do Natal; - CRÍTICA SOCIAL - Fala do desprezo de alguns pela pobreza, constata que a miséria continua e fala da falta de perspectivas da juventude.
Por tudo aquilo que nos diz em “PALAVRAS GUARDADAS”, sou levado a felicitar a poetisa por nos ter distinguido com este livro, que é um fiel reflexo da sua grande alma de poeta popular.